Na semana dedicada ao combate ao feminicídio os números da violência contra a mulher assustam, de janeiro a maio deste ano Campo Grande já registrou cinco casos de feminicídio, o mesmo número registrado nos 12 meses de 2019. Em todo o Estado já são 15 casos. Os dados são da delegada titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Campo Grande, Fernanda Felix. Segundo ela, o isolamento social tem aumentado os índices de violência contra a mulher. Somente no mês de maio, foram registrados 547 boletins de ocorrência na Capital e 368 solicitações de medidas protetivas.
“Embora a quarentena seja a medida mais segura, necessária e eficaz para minimizar os efeitos diretos da Covid-19, o regime de isolamento tem imposto uma série de consequências, não apenas para os sistemas de saúde, mas também para milhares de mulheres que já viviam em situação de violência doméstica. Essas mulheres estão sendo obrigadas a permanecer mais tempo no próprio lar junto com seu agressor, muitas vezes em habitações precárias, com os filhos, e com sua renda diminuída. Com isso, temos como resultado um aumento no número da violência contra a mulher e do feminicídio”, explica.
Lei estadual – O Dia Estadual de Combate ao Feminicídio (1º junho) foi instituído pela lei nº 5.202 e lembra a morte da jovem Isis Caroline, ocorrida em 1º de junho de 2015 e tida como o primeiro caso registrado no Estado, após a vigência da Lei 13.104/2015. O objetivo é discutir o feminicídio como a maior violação de direitos humanos das mulheres, por meio de ações de mobilização, palestras, panfletagens, eventos e debates; divulgar os serviços e os mecanismos legais de proteção à mulher em situação de violência e as formas de denúncia.
Mapa do Feminicídio – Nessa segunda-feira (01) também foi lançada a primeira edição do Mapa do Feminicídio de Mato Grosso do Sul: um mapeamento dessas mortes violentas ocorridas no Estado no ano de 2019. O estudo servirá como subsídio para elaboração de políticas públicas de enfrentamento à violência.
Os dados mostram que 30 casos foram registrados no Estado no ano de 2019 e traz a constatação de que 77% das mortes ocorreram no local onde as mulheres deveriam estar mais seguras: na sua residência. Além disso, o Mapa mostra que em 37% dos casos os autores utilizaram de arma branca (faca, canivete ou machadinha); que 56,66% das mulheres foram mortas por homens com quem conviviam e tinham relacionamento afetivo; que em 40% dos casos o motivo foi a não aceitação do término do relacionamento; e que em 33,33% o motivo alegado foi ciúmes – o que denota sentimento de posse sobre a vítima.
“É preciso denunciar para que a mulher consiga evitar o crime doloso contra a vida. As medidas protetivas de urgência salvam vidas, é preciso acreditar que com a ajuda da Polícia Civil a mulher consiga sair do ciclo da violência doméstica”, alerta Fernanda Felix.