Recentes casos de feminicídio têm assustado a população de Mato Grosso do Sul neste início de ano. Até agora, oito mulheres foram assassinadas por companheiros ou pessoas próximas, número que corresponde a quase 25% do total de 2021, quando 34 mulheres foram assassinadas devido ao seu gênero. Em todos os casos, a Polícia Civil agiu rápido para esclarecer os assassinatos e colocar os responsáveis na cadeia.
Nos dois casos ocorridos em Campo Grande neste mês de janeiro, os autores foram identificados e presos em 72 horas após o conhecimento do fato pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher(DEAM). As prisões foram feitas em parceria com a 6ª DP de Campo Grande, DEPCA, SIG DEAM, Polícia Militar de MS, Polícia Civil do Mato Grosso e a Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica-CMB.
A delegada titular da DEAM, Elaine Cristina Ishiki Benicasa, destaca a ação rápida das polícias e também a união de forças, tanto da Polícia Civil, como da Polícia Militar, que ajudou nas buscas em um dos casos, e da Polícia Civil do estado vizinho, Mato Grosso.
“Em um dos casos, do assassinato da Francielle, que foi mantida em cárcere privado e sendo torturada pelo marido, as investigações se iniciaram no 6º DP, região onde ocorreu o caso, e pela sagacidade dos delegados Dr. João Reis Belo e Dr. Camilo Kettenhuber Cavalheiro, perceberam que não se tratava de uma morte natural e que havia indícios de um crime. Iniciaram as investigações e logo após encaminharam para a DEAM, onde, após o conhecimento dos fatos, já colocamos os setores de investigações nas ruas e conseguimos chegar ao paradeiro do autor. Com o apoio dos colegas, da inteligência da Polícia Civil, conseguimos localizar o autor e prendê-lo em Cuiabá (MT)”, explica a delegada.
A delegada ressalta ainda a importância do trabalho desenvolvido pela Rede de Proteção à Mulher, na qual a DEAM faz parte, na Casa da Mulher Brasileira, composta pelo município, estado, poder judiciário, entre outras. “É a junção de forças de diversas entidades na prevenção dos crimes de violência doméstica e contra a mulher, na tentativa de reduzir os casos, levando informações às vítimas, de todos os instrumentos que ela possui. E destacar também a função típica da Polícia Civil, que é a função de investigação, de Polícia Judiciária, não apenas no acolhimento, na humanização em relação às vítimas, mas também na elucidação e na solução dos casos”, enfatiza a delegada.
Mulheres vítimas de violência podem fazer a denúncia pelo 180 ou procurar uma Delegacia de Polícia. Pessoas que também tenham conhecimento de alguma violência sendo praticada contra mulheres, podem e devem fazer a denúncia por esses meios e ter seus nomes preservados.
Interior – No fim de janeiro um caso chocou os moradores de Ivinhema, do assassinato da adolescente Vitória Caroline Oliveira Onorato, de 15 anos, e a ação rápida da polícia também levou para a cadeia três suspeitos do crime. A Polícia Civil trata o caso como feminicídio, uma vez que o assassinato da adolescente pode ter sido motivado por ciúmes do então namorado.
A jovem desapareceu no dia 25 de janeiro e uma força-tarefa foi montada para as buscas da adolescente, que contou com dois cães farejadores, vindos de uma missão de São Gabriel do Oeste. O Delegado de Polícia, titular de Ivinhema, Felipe Alvarez Madeira, explica que o caso chamou a atenção porque não havia nenhum fator que justificasse o sumiço da jovem.
“Iniciamos as diligências preliminares, fomos refazendo o caminho dela no dia do desaparecimento, e promovemos a oitiva de várias testemunhas. Inclusive, um dos suspeitos foi ouvido, mas mentiu no depoimento e até então nós não tínhamos elementos suficientes para confrontar seu depoimento. Continuamos com as investigações, colhemos mais elementos e chegamos a outros depoimentos que confrontavam o que o suspeito havia falado e encontramos uma testemunha que foi fundamental no caso, que viu a vítima na casa desse suspeito. Usamos também a ciberinvestigação, que ajudou bastante, e conseguimos elementos suficientes para pedir a prisão temporária do suspeito, que já estava foragido. Após ter sido encontrado, confessou o crime e apontou onde estava o corpo e explicou a dinâmica do crime. Por meio dele, chegamos a outros dois envolvidos e conseguimos finalizar o caso”, explica o delegado.
Ainda segundo o delegado, essa resposta rápida, na solução do caso, se dá pela dedicação de toda a equipe, no intuito de esclarecer o caso o mais rápido possível e dar uma resposta à população. “Conforme a hipótese do feminicídio começou a ficar mais clara, empenhamos todos da delegacia na resolução. Os investigadores, principalmente, trabalharam noite e dia”, diz.