Os delegados de polícia João Paulo Natali Sartori, da Delegacia Especializada Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras), e Rodrigo Alencar Machado Camapum, da Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac), representam Mato Grosso do Sul em um mestrado na Universidade de Salamanca, na Espanha. Com o tema “Estratégias Anticorrupção e Políticas de Integridade”, o curso terá duração de 11 meses, e após retornarem para o Estado os delegados serão multiplicadores do conhecimento adquirido durante o período.
Para o delegado João Paulo Sartori, “a capacitação dos servidores nessa seara, do enfrentamento à corrupção, é de fundamental importância para uma melhor prestação de serviço à sociedade”. Para o delegado Rodrigo Camapum, a importância do profissional buscar a qualificação é o desenvolvimento do trabalho preventivo e a busca pelo entendimento do porquê da existência da corrupção, que é feita por diversos fatores, diante de cada realidade. “Então não adianta eu pegar uma legislação de outro país e tentar aplicar no Brasil, que não vai dar certo. Daí vem a necessidade do profissional local se capacitar, para buscar identificar as causas que levam os agentes públicos, as empresas, entre outros, a se envolverem nesse tipo de crime. A maior importância que eu vejo é a preparação para trabalhar nas políticas de prevenção, e mesmo quando a corrupção ocorrer, estar preparado para trocas de informações, sobre tecnologias, para tratamento de informações em massa. As instituições têm se capacitado, e é extremamente necessário que a polícia se capacite também, precisamos sempre nivelar por cima”, afirma o delegado.
A Universidade de Salamanca, situada no noroeste da Espanha, é a mais antiga do país e a quarta mais antiga da Europa. Renomada, a universidade conta com cerca de 35 mil alunos e possui como membro do corpo docente o ministro da Justiça, André Mendonça. O mestrado é o resultado de um convênio entre a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul e o Ministério da Justiça e Segurança Pública, que disponibilizou duas vagas para o Estado. Os candidatos foram definidos por meio de uma seleção da Universidade de Salamanca, que analisou os projetos sobre os temas que cada candidato pretendia abordar durante o curso.
Para o delegado Camapum, as políticas de integridade vêm sendo discutidas em algumas convenções internacionais e aplicadas em muitos países da Europa e nos Estados Unidos, que já têm um amplo trabalho de combate à corrupção. “Dentro dessa ótica percebemos que muitas empresas, multinacionais, que já passaram por alguns problemas nesse sentido, já implantaram esse programa de compliance dentro do seu funcionamento, justamente para se adequar a esse novo panorama que o mundo empresarial, do direito econômico, penal, está tendo a respeito da relação entre o particular e o público, principalmente no que tange à questão de corrupção. Então, essa política de integridade, de conformidade, serve de instrumento para poder impedir a corrupção, e aí entram o crime organizado e a lavagem de dinheiro também, que são crimes que sempre andam juntos”, diz.
O delegado acredita que o reflexo da capacitação do profissional seja importante para a própria instituição. “Com certeza tudo isso só pode ter um retorno muito positivo para todos, principalmente em relação à confiança da população na instituição Polícia Civil, e isso é muito importante. Espero que não sejamos os únicos a ter a oportunidade de vir a um lugar como este, em que se concentram as grandes produções intelectuais, jurídicas, a respeito do assunto, para que possamos elevar o nível e a forma de trabalho da polícia, não apenas nos crimes de lavagem de dinheiro, de corrupção, mas em todos os outros. E um dos nossos compromissos será repassar esse conhecimento adquirido aqui, como esse mestrado, para os colegas de Mato Grosso do Sul. Seremos multiplicadores desse conhecimento”, conclui.