O Delegado de Polícia titular do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), Fábio Peró Correa Paes, foi um dos convidados para participar do Curso de Técnicas Operacionais, realizado recentemente na Escola Superior da Polícia Civil do Estado de Goiás, e que foi ministrado por cinco integrantes do Grupo de Operações Especiais – GEO da Polícia Nacional da Espanha.
“Foi um convite do delegado André Ganga, chefe do GT3/PCGO, hoje CORE, há 15 anos. E como eu chefio o Garras há quase 7 anos, acabamos ficando amigo quando fui fazer o curso de arrombamento táticos e explosivos, que o GT3 ofereceu alguns anos atrás. Essa amizade se consolidou com a criação do CNCOPE (Conselho Nacional do Comando de Operações Policiais Especiais), pois antes da pandemia realizávamos dois encontros anuais, visando a padronização não só do nome CORE para todos os grupos táticos do Brasil, mas também uniformes, nomenclaturas, matérias obrigatórias, e carga horária mínima dos cursos operacionais. Diante dessa amizade, sempre quando a CORE/GT3 oferece cursos diferenciados, ele me convida”, explica Peró.
O curso é parte de acordo de cooperação técnica firmado em 2019, entre o Grupo de Operações Especiais (GEO) da Polícia Nacional da Espanha e a Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core/GT3), após visita de representantes da Embaixada da Espanha à Polícia de Goiás. A intenção inicial era realizar o intercâmbio em 2020, mas a agenda foi adiada por conta da pandemia de Covid-19. O GEO é o grupo de operações especiais da Polícia Nacional da Espanha, atuando no combate ao terrorismo, operações táticas e resgate de reféns.
O curso/intercâmbio com a CORE/GT3 abordou táticas especiais, principalmente voltadas ao enfrentamento de criminosos de alto risco, contraterrorismo e resgate de reféns. O intercâmbio teve duração de 15 dias e contou com a participação de unidades especiais da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e das unidades de operações especiais das polícias civis de sete estados e do Distrito Federal.
Para o delegado titular do Garras, as experiências em formações são sempre enriquecedoras. “Durante meus 15 anos de Polícia Civil nunca esperei nada cair do céu. Realizei vários treinamentos operacionais, em diversas áreas, tais como: armamento e tiro, CQB, resgate de refém, explosivo, arrombamento (mecânico, calibre 12, explosivo), sobrevivência policial, negociador de sequestro, como também em duas oportunidades realizei treinamento com integrantes da Swat, a primeira em Brasília e a segunda lá nos EUA. Agora, o mais importante para mim, foi conseguir me formar no COTE, equivalente ao COESP/CAVEIRA da Polícia Militar. Sou o único delegado de MS formado em um COTE. Aprender técnicas diferentes sempre é bom, principalmente com realidades humanas, materiais e jurídicas bem diferentes”, conta.
Segundo Fábio Peró, o carro chefe do Garras é o CQB (técnicas de combate em ambiente fechado), sendo que a doutrina do grupo foi construída e adequada para a realidade local, após a formação de vários policiais em diversos COTE do Brasil. “Todos os grupos táticos do Brasil, em um passado recente, utilizava a entrada tática como inundação rápida, porém perigosa. O Seals, após perder vários operadores em combates, principalmente após atuar no Afeganistão e Iraque, diminuiu a velocidade aumentando a segurança, além de outras alterações na evolução das entradas táticas. Essa doutrina foi passada para o DOE/DF e para o TIGRE/PR, que difundiram para os demais grupos do Brasil, onde cada um adequou para a sua realidade. A técnica, bem como a formação na estrutura do grupo tático utilizado pelo G.E.O da Espanha é algo bem diferente do utilizado por nós brasileiros”, diz.
O delegado afirma que o aprendizado no curso será repassado e debatido entre os coteanos do Garras, para analisarem juntos o que poderá ser encaixado ao modelo local de entrada tática. “Todos nós, quando saímos para alguma formação, transmitimos a técnica aprendida e discutimos o que pode ser aproveitado ou não, diante da nossa realidade. Então, o conhecimento nunca é individualizado, é sempre compartilhado entre todos da equipe. O Garras hoje é muito respeitado no Brasil todo, porque temos vários operadores formados. Até brincam que temos um verdadeiro zoológico, com onças, águias, tigres, falcões, carcarás, que são referência nos grupos táticos no Brasil. O cerne da entrada tática é uma só no Brasil e cada grupo adequa o movimento à sua realidade”, explica.